Estamos sendo preparados para não distinguir entre agradável e não agradável, entre recompensa por estar a percorrer o caminho ou solidão por estar a percorrer o caminho. Estes fatores psicológicos têm de se ir tornando gradualmente inexpressivos para nós.
O medo da solidão tem de desaparecer.
O “deserto”, em vida espiritual, não é uma figura de estilo, “deserto” é LEI. Se tu estás a perceber que chegaste ao deserto, ótimo!
Aconteceu.
É muito difícil chegar ao deserto. Tu só chegas ao deserto se estiveres descalço, se as tuas mãos estiverem nuas, se o teu coração estiver exposto, se fores realmente abordável.
Abordável porque não tens mais defesas.
O deserto aqui implica eu começar a saborear a solidão como o anunciar de uma verdadeira irmandade.
O inconsciente projecta-se na aura. O indivíduo não irradia a energia do seu ser interno enquanto níveis do seu inconsciente tiverem projetos secretos. Tu começas a irradiar a energia do teu ser interno na proporção em que o teu inconsciente é iluminado.
Nessa proporção a luz unificadora, a síntese viva, pode habitar em ti.
O deserto é a forma que o Divino tem para queimar os adornos para que Ele te possa passar a coroa.
Deus é perverso, Ele é o ser mais puro que existe, portanto é o único que pode verdadeiramente ser perverso e nessa perversidade, está contido o facto que na realidade Ele não tem opinião sobre coisa nenhuma.
Os adornos, para o Divino, são só os adornos.
Enquanto tu estás dialogando com o Divino, tu estás no processo antigo. O processo novo, a injeção das energias de síntese neste planeta, significa que acaba o diálogo com o Divino e começa a fusão.
Se nós olharmos bem para dentro de nós próprios, lá dentro está uma autonomia espiritual, uma dignidade moral e uma capacidade de SER potentíssimas, não vem ao de cima porque todos nós estamos afundados, semi-imobilizados na teia de todo o protocolo burguês que nós próprios sabemos que não nos corresponde.
Isto deve desaparecer.
André Louro de Almeida - Transcrição
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